quinta-feira, 3 de novembro de 2011

100% DAS GESTANTES DE PARANAGUÁ TEM PRÉ NATAL

Ana carolina segura seu filho.
Resultado positivo levou à redução de 77,42% dos casos de mortalidade materna. O número de óbitos infantis e fetais caiu pela metade, de 2005 para cá. 

Paranaguá tem hoje cerca de 1.800 gestantes e 100% delas contam com atendimento pré-natal, seja na rede pública municipal ou no sistema privado. O índice foi conquistado no ano passado e vem sendo mantido graças ao trabalho das equipes do Estratégia Saúde da Família (ESF), da Secretaria Municipal de Saúde, que mapearam toda a cidade, dividindo por regiões, e identificaram as mulheres que estão esperando bebê e fazem o devido encaminhamento.

Atendendo ao que determina o Ministério da Saúde, as gestantes atendidas pelo sistema público de saúde em Paranaguá contam com, pelo menos, sete consultas médicas durante a gestação. Exames para verificar o desenvolvimento do feto, como a ultrassonografia, e orientações nutricionais, também são oferecidos, para que mamãe e bebê permaneçam bem durante a gestação e depois dela. Estima-se que sejam realizados 230 partos em Paranaguá por mês, em média. 

Outros números apontam que esse trabalho vem surtindo efeito. De 2004 até este ano, o número de óbitos infantis e fetais caiu de 62 para 14, uma redução de 77,42%. O índice de mortalidade materna também sofreu redução. Passou de 68 casos, em 2004, para 34, neste ano. Vale ressaltar que desde agosto não é registrada morte de bebê durante a gestação e nem de gestante em Paranaguá. Os dados são da Coordenação Geral de Informações e Análises Epidemiológicas do Ministério da Saúde, com base em números fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde. 

A secretária municipal de Saúde, Isolda de Barros Maciel, comemora os resultados dessa ação que resultou em 100% do atendimento de gestantes em Paranaguá. Disse que “o que levou a essa melhora é que foi colocado como meta aos postos de saúde um determinado número de atendimentos de gestantes”. “Como está organizada a cidade em divisão de população, fica mais fácil organizar o trabalho. Antes era difícil, porque não tinha quantidade de pessoas por equipe. Hoje nossos agentes de saúde do ESF identificam gestantes e encaminham para unidades, com atendimento mais especializado”, explica.

Há controle também para mulheres que não utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS) e que fazem o pré-natal na rede privada, segundo a secretária. “Neste caso, é um grupo que faz pré-natal e tem vinculação a algum médico. A que usa o SUS fica vinculada diretamente ao posto de saúde”, detalha Isolda de Barros Maciel. 
As unidades de saúde de Paranaguá não contavam com enfermeiros com curso superior antes de 2005. Desde então vem sendo feitas contratações para que todas possuam esse profissional, que tem um papel importante para auxílio das gestantes. É o enfermeiro que inicia uma espécie de protocolo após a mulher descobrir que está grávida, indicando os primeiros exames de rotina para iniciar o pré-natal, com a primeira consulta, com um médico. “Quando a mulher volta com exames já se consulta com médico e ganha tempo. Isso é pedido pelo governo porque normalmente a gestante não chega ao posto no primeiro mês, mas sim no quarto, mais ou menos. Agora, temos que achar a gestante até o terceiro mês. Identificando a paciente, já faz com que a paciente comece o pré-natal”, explica a secretária.

FELICIDADE

Há 20 dias a vida da jovem Ana Carolina Amorim dos Santos, de 16 anos, tem um novo sentido. Ela “ganhou” o pequeno Jean Bruno, que nasceu de um parto normal com 2,860 quilos e 48 centímetros. Apesar de descobrir que estava grávida somente aos quatro meses, teve uma gestação tranquila, graças ao atendimento que recebeu no posto de saúde da Vila Guarani, bairro onde reside com a família. “Foram oito consultas. Fui muito bem atendida, tive ótimas orientações e meu bebê está muito bem”, declarou. 

Além das consultas e exames, Ana Carolina recebeu também toda a medicação necessária durante a gestação. O destaque da jovem foi também para os conselhos do médico que deveria tomar. “O médico me falava que eu tinha que comer bem, comer fruta e verdura, não podia beber, usar droga, fumar, para o meu bebê ficar bem”, declarou a jovem, que destacou ainda as orientações relacionadas aos cuidados que deveria ter com a criança após o nascimento e também em relação à amamentação. 

RISCOS

Muitas mulheres passam por uma gestação sem nenhum problema de saúde, mas podem vir a desenvolver neste período intercorrências como o trabalho de parto prematuro, a ruptura prematura de membranas (a bolsa das águas que se rompe), a criança com restrição do crescimento intra-uterino (RCIU), o diabetes gestacional e a tão temida pré-eclâmpsia, que seria o desenvolvimento de hipertensão arterial (pressão alta) e edema (inchaço) em mulheres previamente normais. Isto pode desencadear convulsão e provocar a morte da paciente, quando não adequadamente tratada. 

Todas essas situações podem ser evitadas com a assistência à gestante oferecida pelo pré-natal, lembra a ginecologista e obstetra Ana Carolina Machado de Souza. “O pré-natal é importante para identificar algumas patologias que são tratáveis e evitáveis, como a diabetes gestacional, a eclampsia e infecções que podem levar a várias outras complicações, como a ruptura da bolsa e o crescimento do feto no útero. As coisas mais comuns a gente consegue identificar com um bom pré-natal e ainda tem tempo para tratar durante a gestação”, destacou a médica, que falou ainda da importância da realização de exames como a translucência nucal e a ecografia morfológica, em torno do quinto mês de gestação, o que possibilita má formação do feto. 

Jornalista: Osvaldo Capetta 

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